quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Livro - On The Road (Jack Kerouac)


" Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam."

Título: On The Road - Pé na Estrada

Título Original: On The Road

Gênero: Literatura Beat



Em abril de 1951, entorpecido por benzedrina e café e inspirado pelo jazz, Jack Kerouac escreveu a primeira versão do que viria a ser On the Road. Kerouac escrevia em prosa espontânea, como ele chamava: uma técnica parecida com a do fluxo de consciência. O manuscrito original foi rejeitado por diversas editoras, mas em 1957, On the Road foi finalmente publicado, após inúmeras alterações exigidas pelos editores. O livro, de inspiração autobiográfica, descreve as viagens através dos Estados Unidos e México de Sal Paradise (Jack Kerouac) e Dean Moriarty (Neal Cassady). On the Road, é um dos livros mais importantes da literatura norte-americana. Quase totalmente biográfico, a ponto de ser difícil apontar o que é ficção e o que é realidade.


 Jack Kerouac (a direita) e seu amigo Neal Cassady

Não há um enredo propriamente dito em On the Road. Há os personagens e há a viagem, tão fantásticos quanto incríveis. Paradise e Moriarty viajam por anos pelas estradas americanas, de carona, sem nenhum destino. No caminho encontram todo tipo de gente, de drogas, de música, de aventuras e de sexo, mas também encontram de certa forma a própria espiritualidade e um reverente amor pelo planeta Terra. A prosa é ligeira e acessível, trazendo grande prazer à leitura. Em tudo isso, é um romance muito diferente do que se fazia na época e, especialmente, trazia em si mensagens muito diferentes das propagadas na época. Não há “valores americanos” ou o propagado “american way of life”. Em seus lugares se encontram o realismo e a falta de glamour – e o anseio de transmitir, em seus escritos, as experiências vividas durante as viagens. 


"Não há lugar algum para ir, senão a todos os lugares"

On the Road viria influenciar novas gerações de escritores e até mesmo de músicos, cineastas e artistas plásticos, além de afetar profundamente o comportamento social dos jovens americanos. A geração que se tornava adulta nos anos 1960 optava por uma vida alternativa, não individualista, valorizando a contracultura, o amor livre, o sentimento de comunidade, a postura pacifista, a liberdade de ser e pensar, a não aceitação das diferenças raciais, a resistência contra o estado opressor, a rebeldia política e tudo mais que a marcou como tão diferente das gerações anteriores. 

O Escritor 


"Eu não tinha nada a oferecer a ninguém, a não ser a minha própria confusão." 


Filho de pais franco-canadenses nativos de Quebec, Jean-Louis Kerouac nasceu em 12 de março de 1922 na cidade de Lowell, Massachusetts. Apesar de nascido nos Estados Unidos, só aprendeu a falar inglês fluente com cerca de 6 anos. O primeiro idioma que aprendeu foi o dialeto franco-canadense chamado joual, fato que mais tarde seria fundamental para sua escrita, influenciando ritmo e vocabulário. Mesmo adulto, ele continuaria falando apenas em joual com a mãe.


 "E percebo que não importa onde eu esteja, seja em um quartinho repleto de idéias ou nesse universo infinito de estrelas e montanhas, tudo está na minha mente. Não há necessidade de solidão. Por isso, ame a vida como ela é e não forme idéias preconcebidas de espécie alguma em sua mente". 
  
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Kerouac "começou" escrevendo um romance, The Town and The City, sobre os tormentos sofridos na tentativa de equilibrar a vida selvagem da cidade com os seus valores do velho mundo. Segundo relatado em seus diários, publicados em 2004, Kerouac tentou dar ao livro excessivo planejamento e regularização, o que tornou sua composição cansativa e desgastante. The Town and The City foi o seu primeiro romance publicado, porém não chegou a lhe trazer fama. Devido também à má experiência, passaria muito tempo sem publicar novamente. Durante o período que se sucedeu, criou os rascunhos de outras grandes obras suas - Doctor Sax e On the Road. Na tentativa de escrever sobre as surpreendentes viagens que vinha fazendo com o amigo de Columbia, Neal Cassady, Kerouac experimentou formas mais livres e espontâneas de escrever, contando as suas viagens exatamente como elas tinham acontecido, sem parar para pensar ou formular frases. O manuscrito resultante sofreria 7 anos de rejeição até ser publicado. Jack escrevia vários romances, que ia guardando em sua mochila, enquanto vagava de um lado a outro do país.

   Jack Kerouac e Neal Cassady


Jack Kerouac escreveu sua obra-prima “On The Road”, livro que seria consagrado mais tarde como a “Bíblia Hippie”, em apenas três semanas. O fôlego narrativo alucinante do escritor impressionou bastante seus editores. Jack usava uma máquina de escrever e uma série de grandes folhas de papel manteiga, que cortou para servirem na máquina e juntou com fita para não ter de trocar de folha a todo momento. Redigia de forma ininterrupta, invariavelmente sem a preocupação de cadenciar o fluxo de palavras com parágrafos.
O material bruto que chegou às mãos de Malcom Cowley, da editora Viking Press, em 1957, deu trabalho. Os rolos quilométricos de texto tiveram de ser revisados, foram inseridos pontos e vírgulas e praticamente 120 páginas do original foram eliminadas. O estilo-avalanche de Jack tinha ainda um elemento intensificador. Ao contrário às idéias correntes, segundo as quais trabalhou em cima do livro sob o efeito de benzedrina, uma droga estimulante; Kerouac, em admissão própria, abasteceu seu trabalho com nada mais que café.



O Filme



"(...) porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante - pop! - pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos 'aaaaaaah!'."


Em uma carta a Marlon Brando, em 1950, Jack Kerouac lhe disse para “rezar para que fosse feito um filme” de On the Road. Sam Riley (Control) irá representar Sal Paradise, Kristen Stewart (Twilight) será Marylou e Garrett Hedlund (Tron Legacy) vai viver Dean Moriarty.

Há diversas histórias diferentes sobre como e quando o cineasta Francis Ford Coppola comprou os direitos para filmar On the Road. As lendas divergem em larga escala de tempo, desde Coppola ter comprado ainda os anos 60 até já no final dos anos 80. Também se conta sobre Jean-Luc Godard demonstrando imenso interesse por dirigi-lo, pretendendo Dennis Hooper para protagonizá-lo. O que importa é que ninguém nunca havia conseguido dar impulso à empreitada. O livro era considerado “infilmável”: o que se fazer, no cinema, com uma história narrada em linguagem coloquial, em primeira pessoa, passada em velocidade alucinante e constantemente na estrada? De alguma forma ele descobriu como.



Dirigido pelo brasileiro Walter Salles, o filme é protagonizado por atores jovens (como os próprios personagens) e foi filmado em seis meses. As locações passaram por Montreal, Nova Orleans, San Francisco, Novo México e Argentina, uma proeza, em tão pouco tempo.


"Há sempre uma estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em qualquer circunstância."


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