terça-feira, 25 de setembro de 2012

Filme: Garota Interrompida


"Alguma vez você já confundiu um sonho com a realidade?
Ou roubou algo quando você tinha o dinheiro?
Você já se sentiu triste?
Ou pensou que o trem estava em movimento quando ele estava parado?
Talvez eu fosse louca, talvez fossem os anos 60, ou talvez eu fosse,
apenas uma Garota Interrompida."


Título Original: Girl, Interrupted.
Origem: Estados Unidos, 1999.
Direção: James Mangold.
Roteiro: James Mangold, Lisa Loomer e Anna Hamilton Phelan, baseado em livro de Susanna Kaysen.
Produção: Konrad e Douglas Wick.
Fotografia: Jack N. Green.
Edição: Kevin Tent.
Música: Mychael Danna.


Em 1967, após tentar se matar com um vidro de apirinas e uma garrafa de vodka, Susanna Kaysenpassa por uma sessão com um psicanalista que nunca havia visto antes, e é diagnosticada como vítima de Transtorno de Personalidade Limítrofe (ou borderline). Enviada para um hospital psiquiátrico, onde vive nos dois anos seguintes, ela conhece um novo mundo, de jovens garotas sedutoras e transtornadas. Entre elas está Lisa Rowe, uma charmosa sociopata que organiza uma fuga com Susanna, Georgina e Polly, com o intuito de retomarem suas vidas.


"Sei exatamente como é querer morrer, como dói sorrir, como você tenta se ajustar e não consegue, como você se fere por fora tentando matar o que tem dentro."
Susanna revive os últimos dez minutos antes de ser colocada num táxi, rumo ao hospital McLean, em 27/04/67. Ela sentia-se cansada, com problemas com o namorado complicado e entediada com seu emprego na loja de utensílios para cozinha.


Em sua averiguação pré-internação que duraram três horas, constou que a paciente apresentava depressão aguda; desencanto; ideias suicidas; descompensação progressiva; inversão do ciclo do sono; fantasiosa; retraimento e isolamento progressivos. No fundo, essa internação, parecia-lhe, confortável.

“As cicatrizes não têm personalidade. Não são como a pele da gente: não mostram a idade ou alguma doença, a palidez ou o bronzeado. Não têm poros nem pêlos, nem rugas. São uma espécie de fronha, que protege e esconde o que houver por baixo. Por isso as criamos. Porque temos algo a esconder.” 

De inicio Susanna se revolta com toda situação construída, mas logo se aproxima de Lisa, Daisy, Georgina, Polly e Janet, com Lisa Susanna tem uma série de desentendimentos, mas logo se tornam amigas, juntas elaboram um plano de fuga, para que possam retornar sua vidas e seus sonhos, mas a fuga não sai como o planejado.


"Quando você não quer sentir nada, a morte pode parecer um sonho."

O brilhante filme nos mostra como é conturbada a vida em hospitais psiquiátricos e nós da uma visão totalmente clara sobre os problemas mentais e seus níveis de escala, a falta de uma estrutura e de bons profissionais para um diagnostico certo.


Uma crônica irônica e amarga dos dois anos passados por Susanna no manicômio Claymoore, que questiona os limites entre o confinamento e a liberdade, a amizade e a traição, a loucura e a sanidade, numa época em que parecia que o mundo inteiro estava enlouquecendo e o mundo inteiro estava enlouquecendo.

Ao final, Susanna precisará escolher entre o mundo daqueles que vivem confinados dentro do manicômio e o quase sempre complexo mundo da realidade dos que vivem aqui fora. Guiada pela objetividade da enfermeira da sua ala, Valerie (Whoopi Goldberg), e pela chefe da psiquiatria do hospital, Dra. Wick (Vanessa Redgrave), Susanna, a exemplo de Dorothy de O Mágico de Oz, resolve deixar para trás este "universo paralelo", reivindicar sua independência e continuar com sua vida por sua conta - do seu próprio jeito.


O filme é baseado no livro autobiografico de Susanna Kaysen. O livro não segue uma estrutura narrativa linear; são capítulos isolados, contando incidentes vividos ou testemunhados por Susanna, que nos mostram o cotidiano das internas, o relacionamento com enfermeiras e médicos e, no final do livro, um balanço que a autora faz de seu diagnóstico e do que é a doença mental, de como os psicólogos e psiquiatras têm uma abordagem diferente do paciente.
"A única coisa que me salvou da loucura foi escrever"
 
“Enquanto estivéssemos dispostas a continuar transtornadas, não precisaríamos arranjar trabalho ou estudar. […] Num estranho sentido, éramos livres. Chegáramos ao fim da linha. Não tínhamos mais nada a perder. Nossa privacidade, nossa liberdade, nossa dignidade, tudo isso acabara. Estávamos despidas até o osso da nossa própria pessoa.”


As filmagens de Garota, Interrompida tiveram início em janeiro de 1999. Toda a produção ficou baseada na capital do estado da Pensilvânia, Harrisburg. Durante 12 semanas, a equipe de produção filmou em locações em Harrisburg e arredores e nas cidadezinhas e pequenos povoados do pitoresco vale do Rio Susquehanna, ao sul do estado, incluindo Mechanicsburg, Hanover, Reading e Lancaster.

A região foi escolhida pelos cineastas por duas razões distintas: a topografia e as semelhanças arquitetônicas com a Nova Inglaterra e pela descoberta simplesmente milagrosa do Harrisburg State Hospital.


Embora Winona Ryder já estivesse ligada ao projeto seis anos antes de ele ser filmado, ela não conhecia Susanna Kaysen pessoalmente, até autora fazer uma visita em pessoa ao set de Garota, Interrompida, no hospital de Harrisburg. "Minha visita foi fantástica", conta Kaysen. "Incrível a sorte que eles tiveram em achar aquele hospital. Ele se parecia muito com o manicômio McLean, com seus prédios de tijolos aparentes e grandes áreas verdes e gramadas. O cenário da nossa ala do hospital era tremendamente realista, assim como o salão de hidroterapia. A cena da festa... essa sim me levou direto àqueles dias. Foi muito divertido ver toda aquela moda cafona dos anos 60. Eu odiava todo aquele estilo e ainda odeio."
 
"Acho que nós duas tínhamos um pouco de medo de conhecer a outra", conta Ryder. "Acho que eu estava com mais medo do que ela. Isto é, eu não queria que ela me achasse apenas uma estrela de cinema superficial e boba que iria de algum modo trivializar uma experiência das mais fortes da vida dela. Eu respeitava e entendia muito bem tudo que ela havia escrito. E tive medo de dizer alguma coisa que soasse falsa."

"Eu não sou um conceito, sou apenas uma garota fudida procurando a paz."

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